O ESPIRITSMO EM ALAGOAS
PRIMÓRDIOS
O Espiritismo em Alagoas começou a despontar na década de 1880. Naquela época ele era apenas uma ideia, uma aspiração a flutuar, no espírito de raros eleitos. Aqui, como em toda parte, as ideias que não se encaixavam nas ordenações sectaristas, eram febrilmente combatidas.
Os poucos espíritas que até então existiam, não tinham uma orientação segura, para o estabelecimento de uma divulgação consistente. As suas ideias, espalhadas em artigos na imprensa, eram recebidas com gozações e incredulidade.
Os espíritas ainda vacilantes e sem um sentido de organização, pouco podiam fazer. Raros eram os que se atreviam a escrever através da imprensa, em defesa da Doutrina ou de si mesmos, de vez que eram perseguidos de modo inclemente, tanto pelo Clero como pela Igreja Protestante.
Do lado espírita respondia as críticas e aos ataques lançados ao Espiritismo o valoroso polemista Antônio Scipião da Silva Jucá, o qual, sem receio das ameaças, entregava ao público, por intermédio dos jornais, os seus artigos em defesa dos postulados espíritas. E assim o Espiritismo ia emergindo, cheio de luz, do rude combate.
FUNDAÇÃO DAS PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES ESPÍRITAS
Esta situação começou a mudar a partir da chegada, em Maceió, dos Senhores Carlos Leopoldo Ferreira, José Teixeira de Souza Leite e Antônio Pires da Rocha Pombo. Estes senhores vinham transferidos do sul do País para trabalharem na Repartição dos Correios e Telégrafos. Aqui chegando, estes companheiros, que eram espíritas, procuraram imediatamente os espíritas alagoanos, e fizeram-lhes sentir a necessidade da criação de um núcleo onde pudessem estudar e discutir os elevados problemas da Doutrina e disseminá-los mais seguramente no seio da população.
Este convite, surgido numa hora de entusiasmo e de previsões futuras, foi aceito imediatamente e, no dia 15 de janeiro de 1899, nas oficinas do notável musicista alagoano, Sr. Isaac Newton de Barros Leite, fundaram o primeiro grupo espírita a que denominaram CENTRO ESPÍRITA ALAGOANO; que, posteriormente, tornou-se CENTRO ESPÍRITA ALAGOANO MELO MAIA.
Alguns meses depois, em 23 de Dezembro de 1899, o Sr. Antônio Pires da Rocha Pombo funda o GRUPO ESPÍRITA SÃO VICENTE DE PAULA; que, posteriormente, assumiu o nome de GRUPO UNIÃO ESPÍRITA.
A partir daí o Espiritismo tomou então um grande vulto e pouco a pouco foi distendendo a sua ação evangelizadora, abrindo os seus mananciais de luz. Neste período inúmeras instituições espíritas se estabeleceram, mas que, infelizmente, tiveram curta existência.
FUNDAÇÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE ALAGOAS
Com o aparecimento de inúmeras instituições espíritas em Maceió, foi observada a necessidade de se estabelecer uma diretriz eficiente a fim de agrupá-las em torno de um objetivo comum, sem, contudo, tolher-lhes a liberdade de ação. Além disso alguns Centros estavam adotando práticas que não se coadunavam com a pureza doutrinária, acarretando, dessa maneira, sérios prejuízos para o movimento. Assim, em 1904, o presidente do Centro Espírita Alagoano Melo Maia, resolveu iniciar um movimento que levasse a um congraçamento dos grupos espíritas com o objetivo de propiciar orientação segura a prática e divulgação espírita.
A concretização dessa ideia só foi possível alguns anos depois com a fundação, em 06 de Janeiro de 1908, da FEDERAÇÃO ESPÍRITA ALAGOANA. Foi seu 1º Presidente o Sr. Adriano d’Oliveira que, apesar de seus elevados objetivos e a integridade dos que compunham sua diretoria, não conseguiu evitar o seu fechamento, alguns anos após sua fundação.
Aqueles eram tempos difíceis pois, aproximadamente no ano de 1906, o Centro Espírita Alagoano, tinha cessado de funcionar. Seus componentes tinham se dispersado e o próprio movimento espírita sofreu sério declínio com o arrefecimento de seus adeptos.
Apesar destes tempos ásperos duas instituições foram criadas em 1910: O Centro Espírita Adolfo Godoy, na Cidade de São José da Laje, e o Centro Espírita Erasto, em Maceió.
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O RECOMEÇO
Somente no ano de 1913, com a chegada, em Maceió, do ilustre tribuno espírita Manoel Vianna de Carvalho, foi que as atividades espíritas principiaram a recuperação do terreno perdido. Vianna de Carvalho, utilizando-se de sua extraordinária oratória, proferiu inúmeras conferências, e escreveu polêmicos artigos em resposta às críticas que lançavam ao Espiritismo.
Nos Centros ensinava a Doutrina com tamanho entusiasmo que comovia os presentes; nas conferências que proferia em auditórios da cidade, analisava as objeções que opunham a sua crença, e mostrava-se apoiado em dados históricos e reais.
Vianna de Carvalho convocou no dia 13 de abril de 1913, os espíritas e simpatizantes, para uma reunião que teria a finalidade de revitalizar o movimento espírita e fundar o Centro Espírita Alagoano. Contudo, na ocasião o Sr. Fernandes Tavares propôs que em lugar de ser fundado um Centro Espírita fosse reorganizado o Centro Espírita Alagoano Melo Maia, ao qual ficariam filiados todos os Grupos Espíritas existentes na Capital. Assim foi feito e, a partir daí, o Centro Espírita Alagoano Melo Maia, devidamente reorganizado, assumiu a função de entidade federativa até meados de 1930.
Em 1930 inicia-se os esforços da Federação Espírita Brasileira-FEB no sentido da união e unificação do Movimento Espírita Brasileiro. E, então, por sugestão do Presidente da FEB, Dr. Guillon Ribeiro, é criada uma associação, com caráter federativo, denominada ALIANÇA ESPÍRITA ALAGOANA, que recebeu o certificado de adesão da FEB e que chegou a ter três diretorias. Em pouco tempo, a Aliança desenvolveu várias atividades profícuas, dentre as quais visitas fraternas aos centros da capital, constituindo, assim, os primeiros esforços em prol da unificação do Movimento Espírita em Maceió.
O RESSURGIMENTO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE ALAGOAS
Neste período retorna a Maceió, procedente de Salvador, um conhecido dirigente de trabalhos mediúnicos do Centro Espírita Alagoano Melo, Sr. José Joaquim de Lima. Logo ao chegar, o Sr, Lima publica pela imprensa um Convite a todos os espíritas para participarem, no dia 28 de Julho de 1935, da reestruturação da Federação Espírita de Alagoas.
A este ato, estiveram presentes grande número de espíritas de Maceió que, além de ressurgirem com a Federação, criam uma Caixa de Previdência, que teve como Presidente o conhecido Professor Jaime de Altavilla.
DIFUSÃO E CRESCIMENTO
Esta fase é caracterizada pelo exercício da caridade, através da intensa obra social realizada pelas Instituições, além da proliferação das Casas Espíritas em todo o Estado de Alagoas. Esta característica, que se inicia nos anos 40, é evidenciada na 1ª viagem do eminente Professor Leopoldo Machado a Alagoas e na ação da ‘Caravana da Fraternidade’.
A Caravana esteve em Maceió nos dias 08 a 11 de Novembro de 1950 e, considerando a flexibilidade de pontos de vista das lideranças espíritas propensas ao trabalho de unificação, emitiu o seguinte comentário: “O meio espírita de Maceió, mesmo do Estado, não apresenta nós passíveis de solução, que precisem ser desatados. Assim, sob o ponto de vista da unificação, a Caravana teve ali muito pouco o que fazer, felizmente.”
Após a passagem da Caravana assume a presidência da Federação Espírita de Alagoas o Professor Manoel Coelho Neto,exercendo esse cargo durante 33 anos (1966 a 1999). Ele atuou de uma forma profundamente marcante, em especial pela figura carismática que Ele era, sendo muito conhecido pela sociedade alagoana. Preocupado com o futuro do Movimento Espírita.
Ele apoiou e incentivou os grupos de juventude, inclusive estruturando o Departamento de Infância e Juventude da Federação. O Professor foi o responsável pela implantação das primeiras turmas do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita-ESDE. Foi com ele que se acentuou o trabalho de unificação com as suas visitas as Instituições, em especial as do interior.
A que acrescentar que na sua gestão foram criadas 55 % das Casas Espíritas existentes, hoje. Foi uma verdadeira proliferação de Casas espíritas.
Após o desencarne do Professor Manoel Coelho Neto houve a necessidade de se diagnosticar o Movimento Espírita Alagoano afim de descobrir que tipos de ações a Federação deveria desenvolver, a partir daquele momento.
Então, num grande encontro federativo acontecido nas dependências do Orfanato São Domingos ao final do ano de 1999, surgiu o plano de trabalho denominado ‘Plano de Ação 2000’, focado em três grandes variáveis: O Centro Espírita; O Ideal Espírita; e a Sociedade Alagoana.
Sucederam-se as gestões e chegou-se a realização do marcante 1º Congresso Espírita Alagoano. Mais amadurecido, o movimento espírita alagoano elegeu a primeira mulher como presidente da Federação Espírita do Estado de Alagoas após 104 anos de existência. E continua desenvolvendo o seu papel fundamentado em sua missão que é:
“Promover a união dos Espíritas de Alagoas, através da vivência dos princípios do Espiritismo, contribuindo para a transformação moral da humanidade.”
Continua também perseguindo o seu sonho de futuro calcado na sua Visão que está assim definida: “A FEEAL será a instituição colaboradora na organização das Casas Espíritas e na capacitação dos seus trabalhadores, levando-os a atuarem na sociedade conforme a ética do Cristo.”